Spotlight #13: Hall da Fama do Rock, MITA, Ozzy, Armored Dawn e Nickelback
E ainda lançamentos e charts da semana!
A semana chega ao fim com lançamentos quentes, line-ups de respeito e algumas despedidas. O mundo da música foi abalado pelo falecimento de Tom Verlaine, líder do Television, e pelo anúncio de aposentadoria dos palcos de ninguém menos que Ozzy Osbourne - que logo em seguida disse querer voltar a fazer turnês. O Brasil também se despediu de um ícone do jornalismo: a global Glória Maria, após uma batalha contra o câncer, deixando sua marca como repórter e entrevistadora.
O evento que chamou a atenção essa semana foi o MITA, festival que acontece em São Paulo e no Rio que já vendeu mais de 75% dos ingressos. Falando em fãs emocionados, a disputa pelas concorridas entradas dos shows do RBD rendeu até pancadaria e confusão na compra online - o que fez o grupo se pronunciar.
O momento "estamos ficando velhos" da semana ficou por conta do aniversário de 12 anos... do fim do The White Stripes. Aliás, metade desse tempo é o quanto Anitta ainda tem de carreira pela frente. Depois disso, ela falou que vai se aposentar da música. E, falando em tempo, depois de quase uma década reinando absoluto, o Radiohead perdeu o posto de álbum mais bem cotado para Kendrick Lamar.
O Hall da Fama do Rock anunciou os indicados de 2023 e a lista inclui The White Stripes, Missy Elliott, Willie Nelson, Joy Division/New Order, George Michael, Warren Zevon, Sheryl Crow e Cyndi Lauper. Dentro do tópico de votações importantes, Eloy Casagrande (Sepultura) foi eleito o melhor baterista de metal.
Por fim, o assunto brasileiros no metal nem sempre tem boa reputação. É o caso da Armored Dawn, banda liderada por um dos donos da Prevent Senior, empresa investigada pela CPI da Covid. O grupo chegou a anunciar o fim, mas agora aparece com destaque em uma turnê de Tarja Turunen pelos EUA - o que gerou hashtags e críticas. Em nota, a empresa refutou as acusações de que foi vítima, dizendo que nenhuma delas foi comprovada.
Nada mal para uma semana! Confira abaixo mais novidades e lançamentos.
Nathália Pandeló
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O ano de fato já começou: as sextas-feiras voltam a ficar cheias de lançamentos de grande porte. Confira alguns:
John Frusciante - . I : & : I I .
Depois de dois discos com o Red Hot Chili Peppers, o guitarrista já retorna ao seu lado mais eletrônico, ambient e experimental, com o objetivo de criar "esculturas sônicas" a partir do zero.
Young Fathers - Heavy Heavy
O trio escocês retorna com um trabalho que pesa a mão tanto na sonoridade, quanto nas letras. Entre os temas estão o amadurecimento, família e relacionamentos, mas indo de um R&B climático até batidas mais enérgicas.
Shania Twain - Queen of Me
Rainha do country pop das últimas décadas, Shania Twain aumenta sua relativamente curta discografia quando completa 40 anos de carreira. A cantora canadense se moderniza e busca novas referências.
Fantastic Negrito - Grandfather Courage
O cantor americano recria as canções de seu mais recente disco, White Jesus Black Problems, em interpretações acústicas sem perder a essência e o peso das canções sobre origens, família e negritude.
Recentemente, conversamos com Chad Kroeger, do Nickelback, sobre o álbum mais recente . Questionado sobre as piadas com a banda e tópicos sensíveis à opinião pública hoje, ele repercute uma fala de outra entrevista: será que se “Figured You Out” fosse lançada hoje, o Nickelback seria (mais) cancelado? Ou seria “Skinny Little Missy” uma visão mais empoderadora?
Sabe, esse é o problema de entrevistas e manchetes. Muitas vezes as pessoas não colocam as risadas depois de algo que estão tentando usar como clickbait, então eles só pegam a coisa mais controversa que dizemos e colocam no título. Você certamente sabe, não estou te falando nada novo; isso acontece desde que os cliques começaram a existir.
[…] É sempre bem difícil falar sério quando fazemos entrevistas com a banda toda, é só besteira o tempo todo. Mas, sei lá, será que não vou ser cancelado por dizer que alguém é magrela [“skinny”]? […] Todo mundo leva as coisas a sério demais hoje em dia. Eu fico vendo uns trechos de shows de comédia e dá pra ver que os comediantes estão de saco cheio. […]
Acho que se alguém está sendo malvado, espalhando ódio ou tentando machucar, é uma coisa. Mas os comediantes estão só tentando contar piadas e as pessoas estão constantemente se ofendendo. Se eu fosse ofendido com essa facilidade, eu não iria para um show de comédia; eu ficaria em casa, porque mais cedo ou mais tarde vão dizer algo que vai te ofender. E aí essas pessoas se tornam “guerreiros de teclado”. Mas eu não estou dizendo nada novo, só reiterando algo.
Algumas (poucas) novidades nos charts da semana, ainda dominados por SZA, Ethel Cain, Metallica e Miley Cyrus. Confira:
Metal
1 - Metallica - “Screaming Suicide”
2 – Sleep Token – “The Summoning”
3 – Bad Omens - “Just Pretend”
4 - Metallica - “Lux Æterna”
5 – Catch Your Breath – “Dial Tone”
Indie
1 – Ethel Cain – “American Teenager”
2 - The Neighbourhood - “Fallen Star”
3 - Lizzy McAlpine, FINNEAS - “hate to be lame”
4 - MUNA, Phoebe Bridgers - “Silk Chiffon”
5 - Valley – “Oh shit...are we in love?”
Pop
1 – Miley Cyrus – “Flowers”
2 – Shakira – “Brzp Music Sessions, Vol. 53”
3 – SZA – “Kill Bill”
4- Metro Boomin – “Creepin’” (with The Weeknd & 21 Savage)
5 - Sam Smith, Kim Petras – “Unholy”
Hip hop
1 – SZA – “Kill Bill”
2 - Metro Boomin – “Creepin’” (with The Weeknd & 21 Savage)
3 - RAYE – “Escapism.” (feat. 070 Shake)
4 – Central Cee – “Let Go”
5 - Metro Boomin, Future, Chris Brown - “Superhero (Heroes & Villains)”
Todo ano, o Hall da Fama do Rock anuncia uma lista de indicados a serem eternizados nesse templo da música. Como contamos no site, em 2023 temos nomes novatos - como Missy Elliott - até artistas que já foram considerados anteriormente: Rage Against the Machine, A Tribe Called Quest, Soundgarden e Iron Maiden, entre outros.
A polêmica levantada todos os anos não é necessariamente pelos indicados, e sim pelos que ficam de fora. Com a ampliação dos critérios de elegibilidade, bandas e artistas que começaram suas trajetórias em 1997 já estão aptos para uma nomeação. É só fazer as contas para notar os esnobados: System of a Down, Evanescence, Queens of the Stone Age, Limp Bizkit, Third Eye Blind, Rob Zombie, Within Temptation, Smash Mouth - embora, destes, nem todos sejam consenso de crítica e público.
A lista de quem fica de fora da festa sempre será maior do que a lista de convidados. Esse é o objetivo, aliás. Fazer do Hall da Fama um clube exclusivo onde só os grandes entram. Porém, a ausência de nomes do metal contrasta com a presença de artistas como Jay-Z, Carole King e Dolly Parton - para ficar apenas nos exemplos mais recentes. Certamente, artistas incríveis que estão entre os melhores de seus gêneros, mas que não necessariamente fazem rock n' roll.
A polêmica é compreensível. Até porque entrar para o Hall da Fama é algo celebrado por todos os artistas indicados. Existe uma cerimônia onde ocorrem momentos icônicos. Brigas são perdoadas, músicos que não se falam há anos sobem novamente no mesmo palco. Não é pouca coisa.
O que precisa ser lembrado sempre é que qualquer clube, premiação ou homenagem parte de um viés, um filtro, critérios muito específicos decididos por um grupo restrito. No caso da instituição de Cleveland, o júri é formado por mais de mil profissionais do mercado musical, entre artistas, jornalistas e funcionários de gravadoras, por exemplo.
Parece muito, mas é um recorte insignificante de uma indústria enorme, vibrante, diversa que sequer começou a reavaliar suas posições de poder, a rever quem tem voz e lugar à mesa. O que não falta na música são clubinhos distribuindo tapinhas nas costas entre si. Cabe a nós, público, decidir a importância a dar a cada um deles.
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