Spotlight #26 Aposentadoria frustrada de Ed Sheeran, vinil emo do Fall Out Boy, Renato Russo sertanejo e mais
Lançamentos e músicas de sucesso da semana!
Olá!
A última semana terminou com o retorno dos Titãs, em sua aguardada turnê Encontro. Falando na cena nacional, Lulu Santos teve declarações resgatadas dizendo que o meio do rock é excludente e o meio do rock respondeu cancelando Lulu, quem diria. Se tem um gênero que não julga é a música clássica, pelo visto, já que um concerto interrompido por um grande gemidão de uma moça na plateia - literalmente “tocada” pela apresentação - continuou normalmente.
Mas o rock parece estar mais vivo que nunca, com o festival Summer Breeze rendendo relatos de som tão alto que fez carros distantes tremerem. Robert Smith confirmou que retornará ao país com o The Cure e o Hall da Fama do Rock anunciou sua próxima classe, deixando de fora o Iron Maiden e o Soundgarden.
É o maior? Kendrick Lamar certamente ganha no quesito turnê de rap, com a mais lucrativa da história. Por outro lado, Paul Stanley, do Kiss, avisou que os melhores fãs do mundo são os argentinos.
A Rolling Stone americana escolheu as 500 melhores músicas, mas um número nada bonito mostra a dura realidade: 76% das mulheres na música dizem já terem sofrido assédio.
Na editoria “inteligência artificial da semana”, Kurt Cobain canta Hole e Renato Russo canta sertanejo.
Tudo indica que os compradores de vinil, que vem movimentando o mercado musical há alguns anos, só querem mesmo exibi-los nas estantes. Isso não dissuadiu o Fall Out Boy de lançar o vinil de seu álbum mais recente… utilizando lágrimas dos integrantes. É emo o suficiente pra você?
Esse é só o começo de tudo que rolou nessa semana! Confira mais novidades abaixo.
Nathália Pandeló
Editora da newsletter
Recebeu a newsletter de um amigo ou viu no Substack? Assine para não perder nenhum post!
Mais uma da série de grandes encontros que o MITA Festival irá proporcionar: já temos expectativas nas alturas para o show de Djonga, um dos maiores nomes do Rap nacional, com a participação especial de BK'. O evento acontecerá no dia 3 de junho, no centro de São Paulo, onde Djonga apresentará seu mais recente álbum, “O Dono do Lugar”, que aborda a masculinidade preta e o papel central das mulheres em sua família e empresa.
Os fãs de Rap e música brasileira terão a oportunidade de conferir um dos grandes shows do ano, com a presença de dois artistas versáteis e talentosos. A expectativa é que a participação especial de BK' eleve ainda mais o show de Djonga, que irá apresentar sucessos de sua carreira e o novo álbum.
A parceria entre Djonga e BK' é marcada pela sintonia e talento, com diversos trabalhos juntos desde 2017. O MITA Festival também terá shows imperdíveis de Florence + The Machine, Lana Del Rey, The Mars Volta, HAIM e NX Zero.
E aí, já garantiu seu ingresso para o MITA?
Confira alguns dos principais lançamentos dessa sexta!
Ed Sheeran - “-” (Subtract)
Depois de provar que sabe fazer hits como ninguém, Sheeran embarca em uma jornada mais soturna em um álbum onde reflete sobre o luto após a perda de um amigo e o diagnóstico de câncer de sua esposa. Ele recorreu a Aaron Dessner (The National) para a produção.
Bike - “Arte Bruta”
Quarto álbum de estúdio do grupo, “Arte Bruta” captaliza na notoriedade que Bike vem conquistando para além das fronteiras brasileiras. O disco produzido por Guilherme Held amplia o rock psicodélico dos músicos, incluindo os singles já lançados “O Torto Santo”, “Filha do Vento” e “Santa Cabeça”.
Mahmundi - “Amor Fati”
De praias ensolaradas do Rio a ruas movimentadas de São Paulo, a música de Mahmundi captura a energia vibrante do Brasil. Depois de quase dois anos de pausa, a artista mergulhou profundamente no universo da música, explorando diversos estilos e sonoridades para dar vida ao seu novo projeto.
C. Tangana - Estrecho/Alvarado
Ele está de volta! De surpresa, “El Madrileño” anunciou uma celebração do quinto aniversário de seu álbum “Avida Dollars”, que se tornou um clássico moderno da música espanhola. O álbum está sendo relançado em formato digital e vinil de 12 polegadas, com uma faixa inédita, “Estrecho / Alvarado”, com pablopablo. O álbum de 2018 foi um ponto de virada na carreira de C. Tangana e no rap espanhol, com singles populares como “Llorando en la Limo” e “Cuando me miras” alcançando certificações em vários países.
Prestes a embarcar em uma turnê celebrando os álbuns “As Quatro Estações” e “V”, da Legião Urbana, ao lado de Dado Villa-Lobos e Marcelo Bonfá, o ator e cantor André Frateschi conversou com o TMDQA! sobre assumir o vocal de uma das bandas mais icônicas do rock nacional. Ele falou sobre os desafios de interpretar canções que ficaram famosas na voz de Renato Russo:
Ih, meu amigo, você não sabe o tamanho da encrenca que eu me enfiei! No processo de ensaio, eu comecei a mapear o lugar da respiração. Tipo assim: “depois dessa palavra eu consigo respirar”. É de uma dificuldade de interpretação que não é brincadeira. Eu tenho feito o Bowie, o Tom Waits, que são coisas que já são bem difíceis. Agora, o Renato é um negócio impressionante.
Ainda mais nesses discos que a gente tá tocando. Nos primeiros ele ainda não explorava tanto os graves. E agora ele juntou aqueles agudos que ele tinha nos dois primeiros discos aos graves. Então pra mim é uma montanha russa, não é brincadeira não. Você não consegue parar pra fechar a boca e engolir a saliva. O negócio é assustador [risos].
Taylor Swift completa 80 semanas seguintes entre os artistas mais ouvidos do Spotify. E Bad Bunny segue aparecendo nas três categorias - ou seja, mais uma semana normal nas plataformas de streaming.
Confira abaixo as músicas, artistas e discos mais ouvidos na última semana no Spotify!
Top Singles
Eslabon Armado, Peso Pluma - “Ella Baila Sola”
Grupo Frontera, Bad Bunny - “un x100to”
Yng Lvcas, Peso Pluma - “La Bebe (Remix)”
Miley Cyrus - “Flowers”
David Kushner - “Daylight”
Top Artistas
Taylor Swift
Bad Bunny
The Weeknd
Peso Pluma
Drake
Top Álbuns
Bad Bunny “Un Verano Sin Ti”
The Weeknd - “Starboy”
Taylor Swift - “Midnights”
Karol G - “Mañana Será Bonito”
Morgan Wallen - “One Thing At A Time”
Girls5Eva
Onde assistir: Netflix
Duração: 2 temporadas (15 episódios de aproximadamente 30 minutos cada)
Uma série perfeita para quem viveu (e amou) a era de ouro das boybands e girlgroups dos anos 90! A história acompanha quatro integrantes de Girls5Eva, que tiveram um grande sucesso e desapareceram da grande mídia. Depois de se tornarem desde dentista até recepcionista de restaurante, elas se reencontram e decidem dar uma nova chance à carreira, agora mais maduras e sem o empresário que sugava todo o seu dinheiro, energia e criatividade antigamente. Estrelada pela cantora Sara Bareilles (Waitress), a diva dos musicais Renee Elise Goldsberry (Hamilton, Ally McBeal), a veterana do Saturday Night Live, Paula Pell, e a queridinha da América, Busy Phillips (As Branquelas, Dawson’s Creek), a série tem o dedo de Tina Fey, que inclusive interpreta Dolly Parton em um dos episódios. Comédia leve pra embalar seu fim de semana!
A internet se divertiu com a possibilidade de Ed Sheeran se aposentar da música. Isso porque o pop star britânico disse que desistiria da carreira caso perdesse o processo que corria na justiça americana e teve seu veredito na quinta-feira: de que Sheeran teria plagiado “Let’s Get It On”, clássico de Marvin Gaye, em sua balada de sucesso “Thinking Out Loud”. Os jurados entenderam que a alegação não procede e inocentaram Ed Sheeran de infração de direitos autorais. O músico inglês saiu do fórum em Nova York se dizendo aliviado de não ter de “pedir demissão” e criticando o fato de que uma ação sem base legal - segundo ele - ter conseguido ir às últimas consequências, uma sala de tribunal, apesar de todos os esforços para contê-la.
Estamos falando de uma música de 1973 e outra de 2013. Desde 2017, o caso tramita na justiça americana, chegando finalmente a um júri, um juiz, depoimentos e tudo que tem direito. Como previsto, o caso teve ampla cobertura midiática, considerando os nomes envolvidos. O processo partiu dos herdeiros de Ed Townsend, que compôs “Let’s Get It On” com Gaye. Além dessa ação, uma segunda corre paralelamente, pelo mesmo motivo, movida pelo banqueiro David Pullman, que detém um terço dos direitos dessa canção e busca compensação do músico britânico.
A alegação é de que as duas músicas possuem progressão harmônica similar e que a mais recente faz uso de elementos rítmicos e melódicos da primeira, sem permissão. Imagina-se que uma investigação quase forense nas menores notas de ambas as canções tenha sido apresentada ao júri, mas o ouvido leigo consegue notar que são duas composições fundamentalmente distintas.
“Let's Get It On” é uma música soul clássica que apresenta uma linha de baixo icônica, um coro animado e a voz distintiva de Marvin Gaye. A música é conduzida por uma batida ritmada e tem uma sensação de groove que é típica do soul dos anos 70. Por outro lado, “Thinking Out Loud” é uma balada romântica que apresenta um arranjo de violão e uma melodia vocal suave. A música é conduzida por uma batida mais lenta e tem um estilo mais pop-folk que é característico de muitas das músicas de Ed Sheeran. Talvez sua semelhança mais óbvia seja, na verdade, a letra - isso porque ambas abordam o amor romântico, nada menos que a temática mais batida da música pop.
É importante notar que Sheeran não é novato nos processos de plágio. Em 2017, ele foi processado por ter supostamente copiado elementos de uma música chamada “Amazing” do cantor Matt Cardle para sua canção “Photograph”. Esse caso foi resolvido fora dos tribunais por um valor não divulgado. Em 2018, ele foi acusado de ter supostamente copiado elementos de uma música chamada “Hearts Don't Break Around Here” de Sam Chokri para seu sucesso massivo “Shape of You”. Esse caso também foi resolvido fora dos tribunais por um valor não divulgado.
O que chama atenção no caso de Sheeran e outros julgamentos similares recentes é que muitos deles acabam inocentando os réus, não necessariamente por conta de seu carisma ou fama, mas porque de fato as acusações não parecem conseguir comprovar a cópia. O júri que julgou Sheeran anunciou o veredito menos de três horas depois de iniciarem as deliberações. O que parecia óbvio não foi o suficiente para manter o caso fora do tribunal.
O que os herdeiros de Townsend conseguiram fazer foi memorável, embora tenham perdido. Isso porque fizeram parecer crível que a sequência de acordes que resultou em canções pouco similares pode render processos e indenizações multimilionárias - o que certamente teria sido o caso se Sheeran tivesse perdido. Como os advogados do cantor argumentaram, a estrutura de “Thinking Out Loud” é composta de nada mais que progressões de acordes comuns à maioria das canções pop. Uma vitória neste caso abriria precedentes para outros tantos processos. Ed Sheeran parece conseguir arcar com advogados em outro país e até mesmo pagar caro caso perdesse, inclusive podendo se aposentar, para a alegria de seus haters. Mas nem todo artista possui essa estrutura ou a possibilidade de viver de cheques do Spotify.
Se essa moda pega, daqui a pouco Adele está pegando um avião pro Rio de Janeiro pra se defender da acusação de plagiar Martinho da Vila. O que, pensando bem, pode ser o mais perto que muitos brasileiros chegarão de ver a cantora inglesa em terras tupiniquins, então estamos aqui fazendo a nossa parte, jogando essa pro universo.
Em dúvida do que ouvir? Venha curtir nossas playlists temáticas, sempre recheadas de novidades: