Spotlight 36: Rock de volta ao topo, Elis (re)vive e a música de pai segundo Olivia Rodrigo
Lançamentos e músicas de sucesso da semana!
Ontem foi o famigerado Dia do Rock, que pode estar mostrando sinais vitais em pleno 2023 (leia mais abaixo). Aproveitando o 13 de julho, fizemos no site uma lista que entrega idade, reunindo 20 hits que completam 20 anos.
Será que vem aí? CSS e Creed atualizaram fotos nas redes sociais, gerando empolgação e medo (adivinha quem causou o que?). Falando em bandas, uhm, antigas… Olivia Rodrigo citou sons da época de seus pais, como The Cure, White Stripes e No Doubt. Sentiu a idade? Então talvez você seja o público alvo do show do Tears for Fears, que vem ao Brasil em 2024.
Falando em “Como nossos pais”, uma propaganda da Volkswagen que reuniu Elis Regina à filha Maria Rita tá dando o que falar: muita gente se emocionou em ver a Pimentinha, mas discussões acaloradas se seguiram sobre a falta de conexão da canção de Belchior e a trajetória da própria Elis com uma montadora de veículos. Está tendo até denúncia no Conar. Ainda assim, a família está satisfeita e quer mais. Ainda no assunto da música brasileira, Tim Bernardes tirou onda na Pitchfork, ensinando sobre Tropicália e recomendando discos - descubra quais.
Sinal dos tempos? O Slipknot pode focar apenas em singles agora que é uma banda independente. E realmente não tá fácil pra ninguém: a turnê de Noel Gallagher já teve bomba, incêndio e shows cancelados.
Essas são pra comemorar: Jamie Foxx e Madonna foram vistos em público depois de notícias sobre estados graves de saúde. Por outro lado, Ozzy Osbourne cancelou seu único show de 2023 justamente por não estar apto para estar num palco ainda.
Na editoria “só faltava essa”, Machine Gun Kelly decidiu desafiar a ideia de que são apenas os fãs que andam sem noção nos shows. O músico atendeu o pedido em um cartaz, dando um soco no moço que viajou de longe apenas para aquele momento. E pra terminar com bom humor, confira essa página que traduz literalmente nomes de bandas, músicas e discos.
Ufa, esse é só o começo! Confira mais novidades abaixo.
Nathália Pandeló
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Confira alguns dos principais lançamentos dessa sexta!
Kool & The Gang - People Just Wanna Have Fun
O grupo está se preparando para seu 60º aniversário com o novo álbum. People Just Wanna Have Fun marca o 34º trabalho de estúdio de Kool & The Gang e contará com alguns dos últimos trabalhos de estúdio de Ronald “Khalis” Bell e Dennis “D.T.” Thomas, os fundadores, parte dos metais da banda e irmãos de Kool, que morreram em 2020 e 2021. As 12 faixas unem o funk e groove conhecido do projeto, aliado a canções mais jazzísticas e uma sonoridade que remete aos anos 70 e 80, mas com um pé na modernidade.
Mahalia - IRL
A cantora e compositora britânica Mahalia lança seu segundo disco de estúdio, intitulado IRL. O disco inclui os singles “Terms and Conditions”, “Cheat” e “Ready”. O trabalho quer evoluir seu estilo, calcado no R&B, neo soul e hip hop.
Adriano Salhab & Forró Xique Xique - A Rabeca Secreta
Acha que acabou o forrozinho só porque estamos em julho? O multiartista pernambucano Adriano Salhab e a banda Forró Xique Xique se unem em um caldeirão sonoro em “A Rabeca Secreta”, álbum lançado pelo selo Fervo, da conceituada yb music. A parceria reverencia os tradicionais ritmos nordestinos, com destaque para o forró, em um trabalho plural e com forte veia autoral que vai muito além dos estereótipos.
Disclosure - Alchemy
Os irmãos Guy e Howard Lawrence estão lançando seu novo álbum. O duo eletrônico quer colocar em primeiro plano as letras e vocais de Howard, enquanto Guy explora batidas que vão de riffs de sintetizador às pistas. O Disclosure está tratando esse lançamento como uma “celebração do sentimento de libertação”, e por isso não está usando nenhum sample no disco, além de não contar também com nenhum convidado especial - algo que ajudou a promover seus maiores singles, como parcerias com Sam Smith, AlunaGeorge e Khalid.
O jornalista Alexandre Matias foi um dos convidados do nosso podcast dedicado à música política feita no Brasil e nos países vizinhos da América do Sul. Ele fez uma análise da música de protesto no passado, quando vários países na região atravessavam uma ditadura militar:
Infelizmente o Brasil é isolado do resto da América Latina, e não é só pela questão do idioma. É uma questão da indústria do entretenimento brasileira, que simplesmente resolveu se fechar pro resto da América Latina porque o nosso país é continental, muita gente já está aqui e assim a gente consegue ‘controlar melhor’ [o consumo da arte].
Quando estamos falando dos anos 60 e 70 especificamente, por termos atravessado ditaduras militares na Argentina e no Chile durante períodos próximos, tinha uma conexão artística. Desde o Secos e Molhados fazendo ‘Sangue Latino’ à Tropicália com ‘Três Caravelas’, Chico Buarque também fazia essa conexão com os latinos e com o Pop italiano.
Confira abaixo as paradas da Billboard, divididas por gêneros, tendências e mais música brasileira.
Singles - Brasil
Dennis e MC Kevin O Chris - “Tá OK”
Ana Castela - “Nosso Quadro”
Israel & Rodolffo & Mari Fernandez - “Seu Brilho Sumiu”
MC Livinho & DJ Matt D - “Novidade na Área”
Simone Mendes - “Erro Gostoso”
Singles - Global
Olivia Rodrigo - “Vampire”
Miley Cyrus - “Flowers”
Taylor Swift - “Cruel Summer”
Eslabon Armado X Peso Pluma - “Ella Baila Sola”
Yng Lvcas x Peso Pluma - “La Bebe”
Bombando no Twitter
EXO - “Cream Soda”
EXO - “Love Fool”
EXO - “No Makeup”
EXO - “Private Party”
FendiDa Rappa With Cardi B - “Point Me 2”
Rock & Alternativo
Jelly Roll - “Need a Favor”
Zach Bryan - “Something In The Orange”
Nicky Youre & dazy - “Sunroof”
Stephen Sanchez - “Until I Found You”
Lil Uzi Vert Featuring Bring Me The Horizon - “Werewolf”
R&B e Hip Hop
Lil Durk featuring J. Cole - “All My Life”
Gunna - “Fukumean”
Toosii - “Favorite Song”
Lil Uzi Vert - “Flooded The Face”
SZA - “Kill Bill”
Pop
Rema & Selena Gomez - “Calm Down”
Taylor Swift - “Karma”
Miguel - “Sure Thing”
Miley Cyrus - “Flowers”
Metro Boomin, The Weeknd & 21 Savage - “Creepin’”
Hoje recebemos a participação mais que especial de Nelson Motta, jornalista, autor de livros marcantes sobre a música brasileira - como o icônico “Noites Tropicais” - e que assina a curadoria do imperdível festival Doce Maravilha. O evento acontece em agosto no Rio de Janeiro. Hoje, Nelson indica para a gente um episódio da mais recente série do jornalista Michael Pollan.
“Como Mudar Sua Mente”
Onde assistir: Netflix
Duração: 4 episódios de aproximadamente 50 minutos cada
Algo que eu gostei, muito importante e que realmente mudou a minha cabeça, chama-se “How to Change Your Mind”, “Como Mudar Sua Mente”. É sobre o mundo psicodélico, dos cogumelos, uma coisa impressionante. Ele é o segundo de uma série de quatro. Já vi várias vezes, é um mundo novo se abrindo.
Chegou aquela época do ano em que a gente discute se o menino Roque morreu ou tá na Record. Pelo visto, nem um, nem outro: tá no disco da Taylor Swift. E no de Lil Uzi Vert. Também nas playlists do presidente da Ucrânia, que recorre a AC/DC e Guns ‘n Roses em tempos de guerra. Ainda assim, o rock tem enfrentado desafios significativos para manter sua relevância na mídia e nas paradas, especialmente quando comparado a outros gêneros musicais populares.
Se você acha que a nostalgia é o que mantém o gênero vivo, em parte está correto. Essa semana teve inédita do Nx Zero, que anda esgotando shows por aí; teve anúncio de novas datas da concorrida turnê dos Titãs, mostrando que bandas brasileiras antigas ainda conseguem atrair um público fiel. No entanto, o cenário global do rock tem sido marcado por certa estagnação, com poucas inovações e falta de renovação.
Dos 5 discos de rock mais ouvidos no Spotify, três são do Linkin Park, demonstrando que as bandas mais recentes do gênero não têm conseguido alcançar o mesmo nível de sucesso. Isso evidencia um problema maior: o rock parece ter parado no tempo em muitos aspectos, preso em fórmulas e estilos que não têm acompanhado a evolução da indústria. Não é uma questão musical, e sim a forma como o produto é vendido e chega até as pessoas.
Enquanto outros gêneros musicais têm aproveitado as plataformas digitais e as redes sociais para se conectar com os fãs, o rock tem lutado para se adaptar à era do TikTok e às demandas da geração atual. Enquanto isso, os artistas e fãs parecem preocupados em reclamar das mesclas com o rap e o country, cada vez mais frequentes e que poderiam beneficiar enormemente o rock, em uma fusão com dois dos gêneros mais populares da América.
Apesar dessas dificuldades, alguns artistas e bandas têm buscado explorar novas sonoridades e se adaptar às tendências contemporâneas. Esse é o motivo das notícias positivas para o gênero este ano. A boa nova da vez é que o rock é o terceiro gênero mais ouvido no Spotify em 2023 - no anterior, só entrou no top 20. Mas essa mudança tem sido gradual. Portanto, é importante reconhecer que o rock está passando por um momento de transição. Enquanto se recusar a reconhecer seus desafios e se abrir para novos públicos e mentalidades, continuará parado no tempo e discutindo se Greta van Fleet é ou não cover de Led Zeppelin. Quando se abre, o rock prospera. E seus fãs também.
Em dúvida do que ouvir? Venha curtir nossas playlists temáticas, sempre recheadas de novidades: