Spotlight #4: Spotify Wrapped, Christine McVie, Kanye West
Spotlight #4: Spotify Wrapped, Christine McVie, Kanye West
Lançamentos, shows confirmados no Brasil e charts da semana!
Os sinos já estão batendo aí? “All I Want For Christmas” no último volume? Chegou a época do ano em que a gente mostra que se tornou uma pessoa melhor e divide a mesa com aquele tio que votou no candidato oposto ao seu, que torce contra seu time, que faz piada ruim. Pelo menos tem a comida, não é mesmo?
No mundo da bola, algumas surpresas na primeira fase da Copa. No mundo da música, nem tantas. O período entre o Dia de Ação de Graças e o Natal é marcado por menos lançamentos, a não ser de álbuns natalinos, novos ou requentados. Cabe a Kanye West produzir todas as manchetes absurdas para movimentar a imprensa musical, em um combo de acusações de infelidade da ex até uma logo de campanha que une a estrela de Davi à suástica nazista. Pois é.
Mas isso não significa que a semana não teve notícias. A mais triste delas foi a morte de Christine McVie, integrante do Fleetwood Mac, o que levou sua amiga Stevie Nicks a publicar uma emocionante carta de adeus, com direito a menção a uma música das Haim. O mundo dos eventos continua aquecido, com shows do Red Hot Chili Peppers no Brasil ano que vem, e o Festival do Futuro agitando Brasília no dia 1º de janeiro após a posse presidencial.
No entanto, o que dominou o papo mesmo foi o Spotify Wrapped, que divulgou os artistas, músicas e gêneros mais ouvidos no Brasil e no mundo. Aliás, nosso podcast seguiu em ritmo crescente esse ano! Fomos o programa mais ouvido de 231 pessoas e 98% dos ouvintes descobriu o podcast Tenho Mais Discos Que Amigos! este ano. Passamos 133 dias na paradas dos programas sobre música no Brasil. Lançamos 54 episódios, totalizando 2.044 minutos de conteúdo, ou seja, 93% mais que outros programas na mesma categoria. Ufa! E aí, você já assina?
E pensar que foi só há poucos dias que todo mundo estava postando seus lineups do Instafest. As coisas se movimentam rápido, boa sorte pra quem tenta acompanhar. Que bom que você tem a sua newsletter musical pra sextar com informação! Bora nessa?
Nathália Pandeló
Editora da newsletter
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NOFX – DOUBLE ALBUM
Chega hoje às plataformas o que deve ser o último disco da banda californiana de punk rock NOFX. O quarteto liderado por Fat Mike pretende encerrar as atividades ao completar 40 anos de trajetória em 2023. Embora não seja um disco duplo, a “propaganda enganosa” acaba aí. NOFX entrega seu bom humor rasgado e riffs urgentes em mais um trabalho.
RM – INDIGO
Integrante do fenômeno do k-pop BTS, RM mostra que consegue ir além do gênero que o consagrou em seu novo disco solo – o primeiro após o anúncio de um hiato nas atividades da grupo. O rapper recebe Erikah Badu, .Anderson Paak, Mahalia e outros nomes.
SANT E LP BEATZZ – AINDA É O RAP DOS NOVOS BANDIDOS
O ritmo frenético do drill comanda essa colaboração do rapper carioca Sant com o beatmaker LP Beatzz. O disco não tem feats de outros artistas, o que faz desse trabalho um encontro intenso com o flow de Sant, mostrando porque é um dos mais incensados nomes do gênero no Rio e no país.
WHITE LUNG - PREMONITION
Mais um disco de despedida que sai hoje. O grupo canadense White Lung mostra mais uma vez seu som urgente, um riot grrrl unido a post-punk que canaliza as mazelas do mundo, mas com um humor ácido irresistível.
O cenário pop continua idêntico ao da semana passada. Na lista de metal tem um retorno curioso: Nickelback. E Travis Scott pega carona em dois feats que estão rendendo.
Confira algumas das principais paradas globais do Spotify. A amostra é o top 200, com canções lançadas há no máximo 18 meses.
Metal
1 - Bad Omens - “Just Pretend”
2 – Nickelback – “San Quentin”
3 - Rammstein - “Dicke Titten”
4 – Bring Me The Horizon – “sTrAnGeRs”
5 - Falling In Reverse - “Voices in my head”
Indie
1 – Clairo – “Amoeba”
2 - The Neighbourhood - “Fallen Star”
3 – Holly Humberstone – “Scarlett”
4 - beabadoobee – “Cologne”
5 - Valley - “Oh shit… are we in love?”
Pop
1 - Sam Smith, Kim Petras - “Unholy”
2 - Taylor Swift - “Anti-hero”
3 - Drake, 21 Savage - “Rich flex”
4 - Manuel Turizo - “La Bachata”
5 - David Guetta, Bebe Rexha - “I’m Good (Blue)”
Hip hop
1 - Drake, 21 Savage - “Rich Flex”
2 - d4vd - “Romantic homicide”
3 – Lil Uzi Vert – “Just Wanna Rock”
4 - Drake, 21 Savage, Travis Scott - “Pussy & Millions”
5 – Pharell Williams, Travis Scott – “Down in Atlanta”
Parece ainda haver a noção de que música e política não combinam, quando o mero ato de criar um bem cultural é um ato político, de expressão, de desafiar padrões e até de resistência. Na última semana, esses dois temas não apenas se esbarraram, mas se confrontaram, em um choque que vai além de rótulos de direita e esquerda.
Como você leu no início da newsletter, Kanye West tem suas posições políticas sob escrutínio da opinião pública. Por ser um homem negro, por ser uma pessoa que convive com a bipolaridade, muitos não acreditam que ele deva se associar a nomes como Donald Trump, do partido republicano americano. Mas Kanye não é “meramente republicano”. Questiona os efeitos nefastos da escravidão, relativiza Hitler e o nazismo e dá espaço para o antissemitismo ressurgir no debate público. Até que ponto dá para colocar essas posições na conta da opinião política ou mesmo das suas questões de saúde mental?
Por outro lado, durante sua visita ao Catar para a Copa do Mundo, Gilberto Gil foi hostilizado por um bolsonarista, que o xingou de filho da p*ta e o chamou de “Lei Rouanet”. O vídeo foi replicado inúmeras vezes e pode ter repercussões sérias para o sujeito que se achou no direito de gritar ofensas a um idoso, independente de se tratar de um dos maiores ícones da música brasileira. Enquanto um lado do espectro diz que ele poderia fazê-lo, com base na liberdade de expressão, outro se choca com a naturalização das ofensas políticas.
O que esses dois episódios escancaram é o tamanho do xadrez polarizado em que nos encontramos. Mais que isso, ambos acontecimentos ganharam proporções que ultrapassaram qualquer chance de beneficiar o debate público. Nos vimos presos no circo midiático criado pelos próprios envolvidos e perdemos de vista a banalização do absurdo. Desperdiçamos a oportunidade de conversar sobre questões fundamentais, como liberdade de expressão, até compreender o que de fato foi (e é) o nazismo, ou o que constitui a Lei Rouanet. Nesse ciclo de cacofonia, nenhum dos lados saem ganhando. Esse é o pior tipo de jogo: sem vencedores e onde ninguém aprende nada. Precisamos e podemos ser melhor que isso.
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