Spotlight 52: Azealia Banks irrita Brasil, novo rock em ascensão e o adeus a Matthew Perry
Confira os lançamentos para sextar!
Olá!
A semana foi marcada pelo adeus a Matthew Perry, ator que interpretou Chandler Bing em Friends (e muitos outros personagens). Os astros da série compartilharam uma nota onde refletem sobre essa perda.
Houve, porém, boas notícias - como o fato de o faturamento mundial da indústria da música ter batido recorde em 2022. E o The Killers anunciando show solo em SP e Beck no Rio. E tem mais - confira um calendário com shows internacionais do mês.
Saiba como tem sido a recepção ao disco novo do blink-182. Parece que o público quer renovação: o top 25 de músicas de rock nos EUA tem maioria absoluta de bandas novas. Entre os vinis mais vendidos do ano, só Paramore e blink representam o rock. Aliás, Mick Jagger já disse que o Måneskin é “a maior banda de rock do mundo” atualmente.
Mas os antigos ainda dão caldo. Os Stones, inclusive, se tornaram com “Hackney Diamonds” a primeira banda com disco Top 10 em cada década desde os anos 60. Saiba quais são os 10 discos clássicos do rock e metal mais vendidos em 2023. E, já que estamos no tópico, conheça as 15 músicas de rock recentemente no top 100 do Spotify. E quais as melhores dos Beatles, segundo Paul McCartney - o Fab Four tem música inédita, inclusive.
Agora, se você quiser se sentir velho, é só lembrar que “Room On Fire”, dos Strokes, já completou 20 aninhos. Jay-Z, aliás, já está na vibe “pra sair de casa, tem que valer a pena” - e entregou qual a única condição para voltar a gravar.
Uma pequena confusão geracional levou um fã de Adele a tatuar uma homenagem à cantora que era, na verdade, direcionada a Bob Dylan. Realmente, dá pra confundir. Agora, veja que momento: Robert Trujillo, baixista do Metallica, de volta ao Suicidal Tendencies por um dia, para substituir seu filho.
Confira 5 novidades anunciadas pelo Rock in Rio para 2024. E os momentos “por essa você não esperava” da semana vão para Sandy cantando um clássico do Metallica com Andreas Kisser; e ainda o guitarrista do Sepultura recebendo Di Ferrero (NX Zero) em uma releitura de Radiohead. São muitas camadas!
Vamos a várias outras logo abaixo, com lançamentos e outras novidades. Boa sexta!
Nathália Pandeló
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A partir de hoje, começamos um aquecimento para o Primavera Sound São Paulo, um festival que se destaca, entre muitas coisas, por apresentar um line-up igualitário, com 50% de artistas mulheres brasileiras e estrangeiras de diferentes gerações. O evento ocorrerá nos dias 2 e 3 de dezembro e traz desde lendas da música brasileira, como Marisa Monte, até talentos emergentes como Marina Sena e Slipmami, oferecendo uma variedade de estilos musicais. Destaque para a banda inglesa Slowdive e a cantora canadense Carly Rae Jepsen, que farão suas estreias no Brasil.
Com essa diversidade e inclusão, o festival recebeu o selo IGUAL da entidade WME (Women’s Music Event) em reconhecimento ao seu compromisso com a equidade de gênero na música. Além das atrações femininas, o Primavera Sound São Paulo apresentará shows de renomadas bandas como The Cure, The Killers e Pet Shop Boys, tornando este um dos últimos eventos imperdíveis do ano. Os ingressos ainda estão disponíveis para compra no site Tickets For Fun.
Cold War Kids - “Cold War Kids”
Este é o décimo disco de estúdio da banda e chega quase duas décadas após sua fundação, retornando à sua base de blues rock e soul. O trabalho segue a trilogia “New Age Norms”, iniciada em 2019. O lançamento auto-intitulado reúne singles como “Double Life” e “Run Away With Me”.
The Struts - “Pretty Vicious”
A banda inglesa revela seu quarto álbum de estúdio após “Strange Days”, de 2020. O novo álbum foi co-produzido pela banda em colaboração com Julian Raymond (Fleetwood Mac, Cheap Trick). Entre as 11 faixas está o single “Too Good At Raising Hell”.
Van Morrison - “Accentuate The Positive”
Em busca de algo para levantar o ânimo? O veterano Van Morrison tenta fazer justamente isso em seu 45º disco. Aos 78 anos, o cantor norte-irlandês retorna a uma de suas paixões: o rock n’ roll, ao lado de colaboradores como Jeff Beck, Chris Farlowe e Taj Mahal.
Spiritbox - “The Fear of Fear”
O fenômeno do metal alternativo direto do Canadá retorna com um novo EP. São seis faixas, incluindo o bem recebido single “The Void” e o recente “Jaded”. Desde 2021, o grupo liderado por Courtney LaPlante lançou o álbum de estreia, “Eternal Blue”, e o EP “Rotoscope”.
Kevin Drew - “Aging”
O terceiro álbum solo do cantor, conhecido pelo Broken Social Scene, explora temas de amor, perda e enfermidades. Com uma coleção de 8 canções de baladas minimalistas de piano, o artista associado a hinos do indie rock se apresenta agora com uma perspectiva mais melancólica e reflexiva.
Banana Scrait - “Eletro Bossa Nova 2”
O duo, conhecido por sua abordagem inovadora à música brasileira, dá prosseguimento às suas explorações musicais no álbum. O lançamento quer revisitar e revitalizar os clássicos desse ritmo brasileiríssimo, mantendo a integridade das melodias e letras originais, ao mesmo tempo que insere uma nova energia eletrônica e contemporânea.
A turnê do Evanescence pelo país moveu o público fiel da banda por aqui. A vocalista Amy Lee falou ao TMDQA! com exclusividade sobre diversos assuntos, entre eles o quão importante é ainda ser capaz de fazer músicas que se conectam com tantas pessoas diferentes.
Cara, significa TANTO pra mim. Ter tido tanto sucesso com nosso primeiro álbum foi uma bênção enorme de tantas formas diferentes, mas eu não quero nunca viver na sombra do passado. A cada álbum que fizemos desde então, eu desafiei a mim mesma e a minha banda a darmos mais de nós, elevar tudo isso ainda mais, ir ainda mais nas profundezas do coração. O fato de ainda sermos capazes de juntar pessoas ao nosso redor e causar um novo impacto ao longo dos anos, mesmo 20 anos depois, significa que fizemos o que queríamos fazer. Me deixa muito feliz.
Azealia Banks conseguiu de novo: viralizar com comentários reducionistas sobre o Brasil. Ela sabe que colocar o país no meio de qualquer debate que propõe é atrair uma enxurrada de críticos, defensores e todo mundo no meio. Ou seja: engajamento.
Banks é uma artista com vivência ampla na música, tanto na sua carreira quanto em colaborações tão diversas quanto Lana Del Rey e Fall Out Boy. Infelizmente, ela só entra de fato no radar da maioria dos brasileiros quando os provoca, chegando a dizer coisas do tipo “não sabia que tinha internet na favela”. Dessa vez, soltou uma nova “análise” do país na internet.
A imprensa está tratando como “cantora critica Anitta e Neymar”, mas é muito mais que isso. Sim, ela chamou a carioca de “aspirante de terceiro mundo”. Mas, assumindo postura de quem faz delivery de verdades, Banks solicitou que o Brasil destacasse novos artistas, desencorajando as cópias. A cantora afirmou: “Por favor, mais Paula Morelenbaum, mais Elza Soares, mais Ludmilla, mais Karol Conká e menos imitações baratas de Dua Lipa e Calvin Harris. Eu imploro”.
Além disso, Azealia Banks sugeriu que os artistas locais estavam se afastando do que torna o Brasil especial, adotando uma abordagem de “pop anglicizado terrível” que segue tendências de baixa qualidade dos Estados Unidos. Ela também observou a falta de reconhecimento da bossa nova e do samba no Grammy, apesar de serem gêneros distintos e sofisticados. Banks argumentou que o funk dominaria se o Brasil celebrasse mais seus artistas negros e destacou a importância de abraçar a riqueza cultural do país.
Claro que não precisa ser especialista em música brasileira para criticá-la - e sabemos que ela é passível de críticas. Não se trata, sequer, da crítica vir de fora. Acontece que também não é preciso ser especialista para entender que há muito mais acontecendo na música brasileira entre o espectro gigantesco do pop comercial e a bossa nova, samba e jazz. Existe uma cena rica, vibrante, efervescente com artistas que a própria Azealia cita. Esses artistas têm público, agenda de shows, ocupam palcos expressivos e line-ups de festivais. O fato de que essa cena não recebe mais espaço e incentivo é uma conversa que vale a pena ser tida, mas não se trata meramente de não valorizarmos a música que temos.
Uma das verdades que Banks cita é o fato de que somos preconceituosos com nossa própria cultura, e é claro que existe um juízo de valor diferente para a música das salas de concerto e os ritmos urbanos. Mas também existe outro lado: o brasileiro valoriza tanto a própria música que é o país que mais consome os artistas locais no Spotify. O brasileiro ama o trap a seu modo, o piseiro que não existe em outro lugar, o seu pagode, o funk que só a gente faz. Precisamos de mecanismos que façam florescer todas essas cenas, e não apenas aquelas que o exterior gosta de aplaudir ou considera dignas de destaque.
A música genérica não é invenção brasileira - ela é um reflexo de um mercado diluído. O Brasil se aproximar do reggaeton, citado por Banks como algo negativo, é um movimento do mundo todo e uma colaboração que faz sentido, considerando as similaridades de mercados dos países vizinhos. Isso abre portas para a música em espanhol em uma praça altamente fechada para isso, o que faz com que bandas do rock alternativo, da eletrônica e do folk latino façam parte dos line-ups de festivais brasileiros. Isso gera impacto real em todo um ecossistema.
Portanto, os movimentos da música brasileira são mais complexos e bem menos simplistas do que possam parecer. Talvez seja preciso estar aqui ou ao menos ter os ouvidos mais abertos para perceber isso.
Em dúvida do que ouvir? Venha curtir nossas playlists temáticas, sempre recheadas de novidades:
oie, só uma coisinha: o slowdive veio pro balaclava em 2017! pelo texto ficou parecendo que eles não tinham vindo ainda hehe :) ótima news!