Spotlight 62: Volta do The Smile, Madonna no Brasil e crise do streaming
Confira os lançamentos para sextar!
Olá!
Ficou sabendo? O primeiro show de Gene Simmons pós-Kiss será aqui mesmo, no BR. Não é à toa: para Bruce Dickinson, nós somos o melhor público do mundo. Chega de miserê: o The Calling anunciou nada menos que DEZOITO shows no Brasil, provavelmente um dos poucos territórios onde Alex Band e seu grupo são… chamados (desculpa, gente). Mas sempre há os estreantes - por exemplo, Thursday, banda lendária do emo, que anunciou o primeiro show por aqui. Fazendo o caminho inverso, o Cansei de Ser Sexy vai celebrar 20 anos de banda com turnê pelos EUA.
Agora, se essa moda pega… Madonna está sendo processada por fãs que reclamam de atraso em show, pois tinham que trabalhar no dia seguinte. Apesar disso, só aumenta o hype da apresentação da rainha em 2024 em terras brasileiras.
Aliás, falando em acontecimentos imprevisíveis, e esse homem tocando Deftones e System of a Down na guitarra enquanto tinha o cérebro operado?
Quebrando a ilusão de alguns fãs, Kim Thayil, do Soundgarden, disse que o termo “grunge” era puro marketing. Já outra Kim - a Gordon - anunciou o segundo disco solo com um single meio… trap?
Já pra quem é fã de rock nacional, a quarta temporada da websérie LeelaLive tem convidados como João Gordo, DAY LIMNS, Léo Ramos (Supercombo), Rodrigo Lima (Dead Fish) e mais. Essa galera recria clássicos de Bad Religion, Billy Idol, Rita Lee, Charlie Brown Jr., entre outros, levando os ensaios abertos da Leela a outros patamares.
Tem artista por aqui? Está ficando mais claro quanto o Spotify pagará, de fato, aos músicos com as suas novas regras. Mas essa é uma alfinetada pra todo mundo: segundo Mike Dirnt e Billie Joe Armstrong, do Green Day, quem descobre música por algoritmo é preguiçoso. Quem também mandou a real foi Johnny Marr, que não gostou nada de descobrir músicas do The Smiths embalando comícios de Donald Trump.
Para entender o mercado nacional, conheça as 50 músicas mais tocadas no Brasil no ano passado. Mas se é de som pesado que você precisa, confira novidades do metal para começar o ano atualizando suas playlists. E descubra as 10 músicas de rock mais ouvidas atualmente nas rádios americanas. Se você não se importa de se sentir velho, pode ficar sabendo quais discos estão completando 25 anos em 2024.
Um dos maiores eventos do começo de ano é o Oscar, que anunciou seus indicados, com Dua Lipa humilhada e Billie Eilish exaltada. E olha que não é nem fevereiro ainda! Confira mais novidades sobre a indústria da música logo abaixo!
Nathália Pandeló
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Sorria, o The Smile voltou (desculpa, gente - de novo). Enquanto os fãs estão sedentos por algo novo do Radiohead, Thom Yorke e Jonny Greenwood decidiram tocar o projeto paralelo mais principal dos últimos anos. Esse novo trabalho é tão sensorial quanto o título indica. A banda foca em criar sensações por meio de experimentações sonoras que, de fato, não caberiam no Radiohead - mas aqui expandem as possibilidades do que Yorke e Greenwood (e o baterista Tom Skinner) são capazes de fazer.
Alkaline Trio - “Blood, Hair, and Eyeballs”
Este é o décimo disco de estúdio da banda punk americana, marcando o último trabalho com o baterista Derek Grant - ele saiu da banda quando “Blood, Hair, and Eyeballs” estava na mixagem. O período de seis anos entre um disco e outro é o mais longo que o Alkaline ficou sem lançar um álbum, mas retornou ao produtor Cameron Webb, produtor do anterior “Is This Thing Cursed” (2018) para dar continuidade à sonoridade. A demora se deve, é claro, ao período que Matt Skiba passou no blink-182, mas agora está de volta ao trio em tempo integral.
Alceu Valença - “Bicho Maluco Beleza – Carnaval”
Batizado com o nome de seu bloco de Carnaval, o novo disco de Alceu Valença é um abre alas para a folia. O álbum é recheado de duetos com grandes nomes da música brasileira: Lenine, Ivete Sangalo, Maria Bethânia, Geraldo Azevedo, Elba Ramalho, entre outros. Só quem já viveu Alceu no palco sabe que bicho mordeu: é o da alegria, da espontaneidade e da celebração.
Future Islands - “People Who Aren’t There Anymore”
O sétimo disco da banda americana de synth-pop recebeu seu nome de uma pintura do artista Beedallo - a mesma que estampa a capa de “People Who Aren’t There Anymore”. Os singles já liberados mostram um caminho dançante, como era de se esperar, mas com espaço para surpresas, já que o álbum conta com 12 faixas.
A cantora espanhola solidifica sua posição no mundo do pop e música urbana. Um dos destaques do novo disco é “Bota niña”, com Anitta, mas Bad Gyal já vem antecipando o álbum desde 2022 - afinal, será sua aguardada estreia em LP após uma série de EPs e mixtapes que a colocaram no mundo do dancehall, EDM e reggaeton. Ela recebe nomes de referência nesses estilos, como Tokischa, Young Miko, Quevedo e Morad.
Fabiano do Nascimento & Sam Gendel - “The Room”
União do violonista brasileiro com o saxofonista americano, “The Room” é uma mescla de música brasileira - seu tempero principal - com tons de jazz, folk e experimental. O disco instrumental tem temas já divulgados, como “Poeira” e “Foi Boto”, além de outras 8 faixas. Curiosamente, o prolífico músico carioca baseado em Los Angeles e no Japão se afasta de seu “Mundo Solo”, o lançamento mais recente, em um álbum colaborativo que explora as forças de cada músico.
O som da banda americana é descrito como heavy indie rock, um misto de guitarras pulsantes com uma pegada pop e dançante irresistível. Singles como “My Condition” e “I Hope You Hate Me” atestaram isso, mas o disco se propõe como um marco de amadurecimento do quarteto. São 13 faixas sobre mudanças pessoais e momentos turbulentos que, segundo o vocalista Jack Underkofler disse, é um “olhar microscópico e amplo para os eventos que mudaram quem somos”.
O fim do boom do streaming? A indústria musical global, liderada por gigantes, está passando por um momento de transição. Após uma década de crescimento impulsionado pelo streaming, a desaceleração do ritmo de expansão acende o alerta vermelho para o futuro.
Os indicativos são preocupantes: a Universal Music Group, mesmo sendo o lar de estrelas como The Weeknd, Taylor Swift e Drake, viu seu crescimento de vendas desacelerar por cinco trimestres consecutivos. Em 2023, o aumento foi de apenas 3%, metade do registrado em 2022. Diante desse cenário, a Universal optou pelo corte de centenas de funcionários, o maior desde sua abertura de capital. Esse movimento indica uma tentativa de enxugamento para enfrentar a nova realidade.
Mas por que uma empresa tão bem-sucedida está tomando decisões tão drásticas? O principal motivo é receita ainda pouco significativa do streaming para tirar a indústria da montanha russa que tem sido as últimas décadas. A receita proveniente das plataformas vem crescendo em menor ritmo, e isso não agrada aos investidores que esperam retornos contínuos. Para combater a estagnação, o CEO da Universal, Lucian Grainge, tem investido em duas frentes: pressão para rever o sistema de royalties de companhias como Spotify - que, por sua vez, ainda sofre para dar lucro; e monetizar os superfãs, a pequena parcela que está disposta a gastar muito mais dinheiro por pacotes VIP de lançamentos e shows.
No entanto, ambas as soluções demandam tempo para produzir resultados expressivos. No curto prazo, as perspectivas indicam uma possível estagnação, levando as gravadoras majors a recorrerem a medidas como redução de custos, sendo o corte de funcionários o mais popular entre os CEOs em todo o ecossistema de mídia, não apenas na música. O caso da Universal é apenas um entre as variadas empresas do ramo que ainda estão com dificuldade em projetar lucros de fato sustentáveis no longo prazo, de acordo com o atual modelo.
O momento da indústria musical traz incertezas e preocupações, inclusive para o mercado brasileiro. Não é exagero: recentemente, a BMG fechou suas portas no país. A desaceleração global pode impactar negativamente a cena local, exigindo inovação e adaptação por parte dos artistas, gravadoras e plataformas de streaming. O futuro do mercado musical brasileiro dependerá da capacidade desse ecossistema de se reinventar, explorando novas fontes de receita e estreitando a relação com o público. A inteligência artificial, citada por Grainge como uma possível fonte de disrupção, pode trazer novas oportunidades, mas também requer adaptação e investimento em tecnologia.
Ou seja, o mercado musical se encontra em uma encruzilhada. O fim do boom do streaming exige novas estratégias e modelos de negócio para garantir o crescimento sustentável da indústria. Adaptar-se e inovar será a chave para que o Brasil mantenha sua posição como o mercado potente, robusto e apaixonado que é.
Em dúvida do que ouvir? Venha curtir nossas playlists temáticas, sempre recheadas de novidades.
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