Spotlight 83: A não-volta do R.E.M., novidades do Foo Fighters e Kate Nash além das "Fundações"
Lançamentos da semana, notícias da música e entretenimento
Olá!
A sexta-feira finalmente está entre nós, e com ela a sua seleção de acontecimentos do mundo da música!
O R.E.M. se reuniu para tocar junto pela primeira vez em 17 anos (mais sobre isso abaixo!). Já o Foo Fighters também mostrou novidade - uma faixa inédita e inacabada. E vem mais música nova por aí - pelo menos para o Guns n’ Roses.
Acha que holograma em show é coisa de gringo? Pois veja só o Roupa Nova usando essa tecnologia para trazer o saudoso vocalista Paulinho de volta ao palco.
Se você prefere olhar para o passado, que tal sacar essa história das bandas de Ska de um certo ator de Hollywood que (quase) abriu para o Green Day? E ainda no clima de causos improváveis, saca só essa senhorinha liderando uma roda punk num festival de Metal - com andador e tudo.
A música de protesto não deixou de existir, e reunimos exemplos fresquinhos no site pra te provar. E nem o Rock de Pai, um subgênero que vive firme e forte em carros e churrascos de todo o mundo!
Pronto pra mais uma lista? Então toma essa de 10 maiores vocalistas de todos os tempos segundo votação popular - e claro que 8 deles são americanos. Agora, dependendo dos seus planos pra essa sexta, talvez valha conferir essa seleção de músicas mais usadas em playlists para a hora do sexo.
Tivemos uma entrevista exclusiva no site com a Chefe de Parcerias com Artistas e Gravadoras no Brasil para o Spotify, fazendo um balanço sobre os 10 anos da empresa sueca no país. De qualquer forma, eles podem respirar aliviados: o Spotify lidera o ranking de serviços que as pessoas menos cancelam.
Claro que tem muito mais novidade logo abaixo - por exemplos, os lançamentos da semana. É só continuar lendo!
Nathália Pandeló
Editora da newsletter
O indie rock é o gênero musical perfeito pra encerrar a semana, por conta da sua energia contagiante e diversidade de subgêneros, proporcionando uma trilha sonora versátil que se adequa ao seu nível de sexta-feira!
Em uma mescla irresistível com o Rock Alternativo e o Pop, o Indie está aí há décadas mostrando porque é a trilha sonora da vida de várias gerações. Entre bandas seminais e novos representantes do gênero, você pode ouvir tudo na playlist de Indie Internacional da UMUSICPLAY clicando aqui.
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Confira alguns dos principais lançamentos de 21/06/2024:
Kate Nash - “9 Sad Symphonies”
Kate Nash lança seu novo álbum, com produção e mixagem do dinamarquês Frederik Thaae, vencedor do Grammy. Este trabalho marca um novo capítulo na carreira da cantora, com letras profundamente pessoais e arranjos orquestrais inspirados em sua experiência no teatro musical. Além de sua carreira de mais de uma década como cantora, Nash também é conhecida por seu papel como Rhonda na série “GLOW” da Netflix.
Kehlani retorna com um novo álbum: “Crash”. Este é o quarto disco de estúdio da cantora por uma grande gravadora, após “Blue Water Road” (2022), “It Was Good Until It Wasn't” (2020) e “SweetSexySavage” (2017).
O Pond está de volta. Depois de singles como “Neon River” e “(I’m) Stung”, o grupo lança o seu décimo álbum. Seu som psicodélico diretamente da Austrália transforma o sentimento de decepção em música. A gravação foi feita entre sessões de natação e de trabalho noturno.
Conhecido por seu trabalho com a banda Selvagens à Procura de Lei, Rafa Martins volta ao seu trabalho solo com o segundo disco “Dunaduna”, explorando novos horizontes musicais. Inspirado por experiências pessoais e pela terapia, o álbum mistura rock, pop e influências de bandas independentes latino-americanas, refletindo um período de reconexão e autodescoberta do artista. Gravado entre Fortaleza e São Paulo, “Dunaduna” preza pela fusão de guitarras, beats e programações.
Este é o quarto álbum de estúdio do cantor mexicano Peso Pluma, um dos fenômenos de 2022 e 2023. O álbum é duplo, contendo 24 faixas no total: o primeiro disco tem 16 faixas nos gêneros regional mexicano e corridos tumbados, e o segundo disco tem oito faixas nos gêneros trap latino e reggaeton. Peso Pluma contará com a participação de vários artistas como Junior H, Eslabon Armado e Natanael Cano no primeiro disco, enquanto Rich the Kid, Cardi B, Anitta e outros contribuem para o segundo disco.
Slim Soledad - “Space Manual For Those Who Cannot Swim”
Mulher trans e ativista, Slim Soledad lança seu EP de estreia, onde combina hard trance, techno, baile funk e electro com referências da arte contemporânea e sons brasileiros. Residente em Paris, a produtora musical brasileira utiliza sua arte para explorar temas de adaptação e resiliência, refletindo sobre o espaço interior e a criatividade de artistas negros e LGBTQIA+. Destacando-se internacionalmente, Slim transforma sua experiência e raízes brasileiras em uma celebração da diversidade e do orgulho através da música e da dança.
Na próxima semana:
Hiatus Kaiyote - “Love Heart Cheat Code”
Omar Apollo - “GOD SAID NO”
Guided by Voices - “Strut of Kings”
Camila Cabello - “C,XOXO”
Lupe Fiasco - “Samurai”
Megan Thee Stallion - “MEGAN”
Imagine Dragons - “LOOM”
Lil Yachty & James Blake - “BAD CAMEO”
Conversamos com Moby sobre seu novo álbum, “always centered at night”, e sobre o fato de que o artista se tornou um elemento da cultura pop, aparecendo até sósias suas em séries de sucesso.
Eu acho que é uma questão relevante, não só para mim, e não apenas para outras pessoas, mas para milhões e milhões de pessoas neste momento. Porque antigamente, até o surgimento das redes sociais, não havia muitas figuras públicas. Havia algumas centenas de figuras públicas, e isso foi confuso, porque… o que torna tudo tão confuso é quando a figura pública tem o mesmo nome da figura privada. E certamente não estou reclamando, mas a questão é: se eu lançar um disco e as pessoas adorarem, a pergunta é – eles me amam? Ou se eles odiarem, eles me odeiam? Ou se eles têm uma opinião sobre isso, eles têm uma opinião sobre mim? Mas eles não me conhecem e isso é muito confuso. E a única maneira de lidar com isso, honestamente, é ignorar a parte da figura pública e perceber que minha vida não envolve ser uma figura pública na maior parte do tempo, sabe? Limpo minha casa e vou ver amigos. Eu tenho uma vida incrivelmente normal. [...] Eu diria que, como a maioria das pessoas que você conhece – como eu, que são um pouco mais velhas e que são figuras públicas há algum tempo -, nós fomos capazes de aprender que se alguém fala com você e nunca o conheceu, você tem que ignorá-lo. Ao passo que vejo muitas crianças e muitos jovens influenciadores… vemos as taxas de suicídio, as taxas de depressão, e muito disso acontece porque eles não sabem como processar as opiniões nas redes sociais. E quase sinto que deveria haver um livro ou manual sobre como ser uma figura pública nas redes sociais, porque no momento em que mais de cinco pessoas curtem uma de suas postagens, você se torna uma figura pública.
O R.E.M. não vai voltar. Superem.
A recente entrevista do R.E.M. para um programa matinal dos EUA circulou bastante nas redes sociais dos fãs de música. Isso porque os artistas estavam juntos novamente, algo que não acontecia publicamente há muito tempo. Não só eles se apresentaram na cerimônia de sua indução ao Hall da Fama dos Compositores, como disseram com todas as letras: não vão voltar.
A clareza e a sensatez do R.E.M. em não ceder às pressões para seu retorno são louváveis e refletem uma maturidade rara no cenário musical. Em uma era onde muitas bandas icônicas se reúnem apenas para capitalizar sua nostalgia, o R.E.M. mantém uma postura firme ao priorizar a integridade artística e pessoal sobre os possíveis ganhos financeiros.
Na entrevista, Peter Buck explicou que a decisão de se separar em 2011 foi motivada por divergências musicais irreconciliáveis: “Naquela época, não havia nada em que pudéssemos concordar, realmente, musicalmente. Que tipo de música, como gravá-la, vamos fazer turnê, sabe? Mal conseguíamos concordar onde jantar.” Esse comentário revela a profundidade das diferenças criativas que enfrentavam, indicando que uma reunião, mesmo que fosse possível, provavelmente não alcançaria o nível de excelência que os fãs esperariam. Ou mesmo que os próprios integrantes desejariam.
A integridade do R.E.M. vai além da música. Michael Stipe destacou a amizade duradoura entre os membros da banda, algo que muitos grupos não conseguem manter após a separação: “Estamos aqui para contar a história e estamos sentados à mesma mesa com profunda admiração e amizade de longa data.” Isso mostra que o grupo valoriza as relações pessoais acima de qualquer pressão externa para um retorno.
A história de Bill Berry, que sofreu um aneurisma cerebral em 1995, também é crucial para entender a dinâmica da banda. Embora Berry tenha se recuperado e continuado a tocar por um tempo, ele acabou se aposentando em 1997. Seu retorno ao grupo seria improvável e, como ele mesmo admite, a energia e o impulso que possuía diminuíram após o incidente.
Quando questionados sobre o que seria necessário para uma reunião de verdade, as respostas bem-humoradas de Mike Mills e Berry — “um cometa” e “SuperBonder”, respectivamente — reforçam a improbabilidade de um retorno. Buck finalizou de forma categórica: “Nunca seria tão bom.”
E é verdade. Não seria. Vê-los tocando na cerimônia do Hall da Fama, ainda com fôlego, dá a entender que talvez fosse, sim, ótimo. Acima da média. Mas é preciso também aceitar que é completamente natural que as coisas cheguem ao fim. O que deixou muita gente viúvo da banda é que grande parte da geração que está aí hoje, carregando a indústria do streaming e dos shows nas costas, nunca conseguiu vê-los ao vivo. Me incluo nessa, é realmente triste. Mas há muitos outros artistas que não veremos ao vivo - o que torna todos aqueles que vimos ainda mais especiais.
A decisão do R.E.M. de não se reunir deve ser vista como uma demonstração de respeito ao legado que construíram e à amizade que compartilham. Eles reconhecem que tentar reviver o passado poderia manchar as memórias e a reputação que tanto trabalharam para construir. Ao invés de ceder às pressões comerciais, o R.E.M. escolhe manter sua integridade, deixando um exemplo para outras bandas e mostrando que, às vezes, a melhor maneira de honrar o passado é seguir em frente.
Há outras bandas, outros shows. Nenhuma outra será o R.E.M. Que bom. Algumas coisas são únicas e incrivelmente especiais, mas nenhuma delas é eterna. Ainda bem também.
Em dúvida do que ouvir? Venha curtir nossas playlists temáticas, sempre recheadas de novidades.
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